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A Casa Vermelha reforça seu compromisso com o bom senso

Atualizado: 9 de abr. de 2020

Recebemos ontem, estarrecidos (para usar um termo do nosso próprio governador Moisés quando avaliando o equivocado discurso do presidente da república), o Plano estratégico para a retomada das atividades econômicas em Santa Catarina. Até então, vínhamos acompanhando e cumprindo rigorosamente o nosso papel cidadão de cancelar atividades e eventos em nome do maior bem que temos em Florianópolis e Santa Catarina – que é a vida de seus moradores e trabalhadores.


O plano praticamente libera a grande maioria das atividades, lançando nas costas dos trabalhadores todo o esforço para a contenção de uma crise econômica. Refletindo e comparando com outros casos no mundo, consideramos a medida absurda e principalmente um total contra senso a tudo que construímos (já com muito esforço e responsabilidade coletiva) até agora com o isolamento social.


Nós, da equipe de gestão da Casa Vermelha, tomamos a decisão de não retomar nossas atividades durante todo o mês de Abril. Manteremos a Casa fechada pelo menos até o dia 30/04. Até lá, seguiremos de maneira responsável buscando informações de qualidade para conseguir proteger os integrantes da Casa, seus parceiros e colaboradores e principalmente nosso público.


Acreditamos que é possível e necessário manter o isolamento social, principalmente se nosso objetivo for resguardar vidas. Lamentamos que o governador tenha cedido à classe empresarial que o pressionou, e convidamos toda a população do estado que esteja em desacordo com o Plano estratégico para a retomada das atividades econômicas em Santa Catarina, que se manifeste, propondo ao governador e a equipe do seu Gabinete de Gestão de Crise que reflita um pouco mais sobre essa decisão e repense seu posicionamento. Entendemos a pressão social como fundamental para ampliar o debate sobre esse assunto. Assim como, convocamos nossas lideranças e instâncias de tomada de decisão do estado, como deputados, senadores, Ministério Público e outros, a também abrir um debate mais amplo sobre as reais urgências do nosso estado hoje.


Porque não pode ser que tenhamos que seguir os piores exemplos, os que deram os piores resultados (tanto para a crise sanitária, quanto para a crise econômica). Não pode ser que sejamos tão mais inteligentes que o resto do planeta inteiro, que caminha e confirma o isolamento como a melhor estratégia para não sobrecarregar o sistema de saúde e assim, mantê-lo capaz de dar conta dos números crescentes de doentes graves que podem surgir graças a COVID-19 (como assistimos (mais uma vez) estarrecidos na Itália, na Espanha ou nos Estados Unidos).


Dessa forma, manteremos as nossas atividades acontecendo pelas plataformas digitais, de maneira remota e segura, abrindo mão do encontro presencial (tão importante para nós artistas, principalmente nós, os teatreiros),  mas indo ao encontro da responsabilidade social, da cidadania, da empatia e do bom senso, e convidamos outros gestores (culturais ou não), a fazer o mesmo, criando uma grande rede de pressão para que, mesmo que sejamos apontados para o abismo, possamos indicar outro caminho possível através da ação compartilhada, política e coletiva.


Sublinhamos que somos um Centro Cultural absolutamente humilde, de gestão coletiva e colaborativa, que não tem reservas financeiras, capital de giro ou investimentos. Um espaço que promove a cultura com quase nada de dinheiro público ou privado, vivendo da relação comunitária que estabelece com seus parceiros e colaboradores. Um espaço de economia criativa que nem mesmo nós, que fazemos a sua gestão, conseguimos entender como se mantém de pé há oito anos. Temos risco de fechar? Sim, enorme. Temos risco de perder todo o investimento e suor dispensado nos últimos anos nesse projeto? Sim, temos. Corremos o risco de não conseguir sobreviver a essa difícil crise enquanto espaço, grupo teatral, “empresa”? É claro que sim, e é óbvio que vamos suar muito para reestabelecer nossos projetos e ações.


Mas, temos certeza que precisamos estar íntegros e saudáveis, que não podemos deixar de pensar nas vidas, antes de pensar nas questões econômicas. Precisaremos estar íntegros enquanto artistas e pessoas que respeitam o próximo e atuam no mundo.


Responsabilidade social sempre foi papel da nossa Casa, e assim continuará sendo, sempre.

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