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E completamos o segundo mês de quarentena

Cumprindo de forma irrevogável as normas impostas pelo governo do estado, completamos dois meses com as nossas portas fechadas. Nunca havíamos passado tanto tempo sem que acontecesse uma aula ou um encontro, sem que se recebesse um artista e seu espetáculo, sem que nenhuma tela ou fotografia fossem expostas na nossa galeria. Dois meses sem ouvir um aplauso ressoando na Casa Vermelha. Uma corpo atuando, uma risada, uma voz.


Não têm sido meses fáceis. Seguimos, como nos últimos oito anos, enfrentando o desafio de manter de pé um espaço cultural independente e autônomo, fundado na relação comunitária e sustentado pelo coletivo que ali opera e cria. Diferente dos anos anteriores, nos últimos dois meses sobrevivemos sem abrir as portas, sem estar presentes no endereço que muitos já conhecem como uma casa para o teatro, para a arte, para a expressão artística em Florianópolis.


Foram meses em que foi necessário se reinventar. Entender o contexto, flexibilizar os conhecimentos, procurar novas maneiras de encontro. O primeiro passo, foi conseguir transformar nossas propostas presenciais em projetos que conseguissem, se não substituir os processos que acontecem na Casa, mas, manter viva e acesa a relação com os nossos alunos, colaboradores e artistas parceiros, entendendo que o espetáculo deve continuar.


Contando com enorme generosidade, principalmente dos nossos alunos, fomos trocando o pneu com o carro em movimento, aprendendo com nossos erros, diluindo preconceitos e encontrando espaços criativos nesse novo modo de relação que se impôs sobre todos nós. Refizemos os planejamentos, encontramos saídas, motivamos nossos coletivos a continuarem em frente e, dois meses depois, temos muito bem fundados os trabalhos que seguimos realizando, nesse momento específico, de forma remota e virtual (Fique em casa!).


Aqui é fundamental abrir espaço para agradecimentos: em primeiro lugar, aos nossos alunos e alunas, por compartilhar as propostas e seguirem conosco, mantendo nossas aulas curriculares acontecendo e principalmente ajudando a manter uma receita mínima, sem a qual já teríamos fechado as portas em definitivo; em segundo lugar aos nossos artistas parceiros e colaboradores, por comprarem a briga e assumirem novos modos de realizar seu trabalho pedagógico; à proprietária do nosso imóvel, representada pela imobiliária Giacomelli, que em resposta ao nosso apelo, abriu possibilidades de negociação fundamentais para que pudéssemos estruturar um plano de ação durante a quarentena. Acreditamos que essas respostas que recebemos vieram através da postura que sempre tivemos em não ser um espaço comercial, de investirmos em uma relação em primeiro lugar humana, com nossos alunos e parceiros. Essa atitude nos favorece no momento em que precisamos de respostas na mesma grandeza. Por isso, muito obrigado a quem ofereceu a chance de as atividades da Casa seguirem acontecendo de maneira virtual.


Também, e principalmente, temos que agradecer o trabalho de inúmeros artistas e políticos que, sensíveis à situação gerada pela pandemia para os trabalhadores da cultura, têm se esforçado em encontrar saídas e suportes econômicos para a classe. Sabemos que qualquer apoio que venha dos órgãos públicos advirá do envolvimento e trabalho incansável desses guerreiros e guerreiras, já habituados a tantas lutas cotidianas e que não se furtaram a encarar mais esse desafio. Completamos dois meses de quarentena, de estarmos sem poder trabalhar por decreto, e não tivemos nenhuma resposta do poder público, em nenhuma esfera (federal, estadual ou municipal), sobre um programa emergencial que permita que a economia da cultura não desmorone – lembramos que fomos dos primeiros a parar e estamos em suspensão de atividades por tempo indeterminado – devendo ser das últimas atividades a retomar seu cotidiano depois da pandemia. É a articulação e o envolvimento das pessoas envolvidas nas lutas por políticas públicas para a cultura que permite que tenhamos esperança de que haja alguma ação de retaguarda a caminho para espaços como o nosso.


E, ainda, buscando responder à situação e oferecer mais do que as adaptações possíveis às atividades que já realizávamos na Casa, resolvemos tirar da gaveta algumas propostas de projetos para o mundo virtual que já vínhamos costurando e que graças ao contexto da pandemia e da quarentena acabamos por colocar em reflexão. Dessas conversas, surgiram novas atividades e iniciativas, criadas a partir desse momento que vivemos.


Atividades e iniciativas online


A primeira novidade que já está no ar é o podcast da Casa – o Ponte Dialógica. O  projeto nasceu de nosso anseio em promover um espaço onde conversamos sobre arte, cultura e suas relações com outros saberes e áreas do conhecimento, convidando profissionais que atuem no campo em questão para nos ajudar a construir pontes. No primeiro episódio, disponível gratuitamente nas plataformas da Casa, estabelecemos um diálogo entre Arte e Psicologia, e refletimos sobre o impacto da arte em nossa saúde mental. Essa estreita relação é fundamental para nosso bem estar emocional e psíquico, sobretudo em tempos de pandemia – o que nos leva aos nossos próximos projetos.


A segunda novidade é a abertura do curso Criação Audiovisual / Atuação em casa, que, através da criação de um breve vídeo, irá envolver os participantes em uma experiência de criação a partir dos conceitos de interpretação teatral. Com a participação de especialistas, o curso prevê o acompanhamento de um processo criativo do surgimento da ideia até a finalização do material. Com o intuito de cada integrante possa conceber, atuar e registar um produto artístico de autoria.


Surge ainda o projeto Transver, de formação de plateia através de mesas redondas virtuais sobre arte brasileira. O projeto encara o desafio de apresentar a diversidade e a força da arte construída no Brasil durante a sua história. Com a participação de convidados, o projeto será realizado a partir de um ciclo de cinco encontros, com mesas redondas que tratarão conversas sobre cinema, literatura, fotografia e música brasileira. A partir de um recorte específico para cada ciclo, os convidados irão apresentar artistas escolhidos e discutir sua obra. O primeiro ciclo se chamará: Arte Sob Censura – repressão e resistência, e a abertura do projeto trará o músico baiano Gilberto Gil.


Além dessas ações diversificadas, abrimos também uma campanha de apoio à Casa Vermelha. Um financiamento coletivo realizado de maneira direta pela Casa para oferecer recompensas pensadas especialmente para essa campanha. A campanha também está baseada em uma relação direta com artesãs da cidade, buscando oferecer objetos personalizados da Casa e fortalecer a o trabalho desses artistas. A campanha conta com várias faixas de ajuda, abrindo espaço para colaborações de qualquer valor. Além disso, estamos aceitando doações e ajudas de qualquer espécie, para que consigamos cruzar esse momento tão difícil para todos. É hora de ajudar a Casa Vermelha a seguir sua história, estamos fazendo a nossa parte e temos certeza que as pessoas que se importam também farão a sua. Se você não pode ajudar e entendemos, agradecemos que ajude a compartilhar as ações e as atividades da Casa através de sua rede de contato.


Não estamos de braços cruzados e temos certeza que ao final da quarentena estaremos reabrindo as portas da nossa Casa e trazendo de novo para a comunidade de Florianópolis todas as atividades que a cidade se acostumou a encontrar na Rua Conselheiro Mafra, 590. Porque amamos o que fazemos, e amamos o compromisso que temos em estar presentes, mesmo quando essa presença precise acontecer de maneira remota, a uma distância física que não irá nos separar da nossa postura e atitude de resiliência e resistência construída através de anos de dedicação à construção de um movimento cultural a altura da capital de Santa Catarina.


Seguimos ocupando nosso lugar nessa luta tão importante, seja como for.


Fique em casa. Mas, faça-nos uma visita virtual. Estamos de câmeras e microfones abertos para a cidade (e agora, o mundo!).

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